No fim de semana de 24 e 25 de novembro de 2018, circulou no WhatsApp mensagem acusando a presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME) de estar liderando uma operação para “grampear a via alheia”, o que constituiu-se em uma fake news e uma afronta aos valores de honestidade e relações éticas que pautam o montanhismo brasileiro e a nossa instituição.
A CBME vem a público expressar seu repúdio diante da difusão dessa fake news através de nota oficial: CBME-COM-2018/01- Nota Oficial- Fake News no Whatsapp
NOTA OFICIAL
Fake news no WhatsApp
A Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME) vem a público expressar seu repúdio diante da difusão de fake news pelo WhatsApp no fim de semana de 24 e 25 de novembro de 2018, acusando a presidente da CBME de estar liderando uma operação para “grampear a via alheia” em menção às atividades de sinalização da trilha de longo curso Caminho da Mata Atlântica em trecho coincidente com a Trilha Transcarioca.
Neste sentido, gostaríamos de esclarecer:
1) O conceito de direito autoral na escalada trata da tradição de registrar os conquistadores das vias de escalada, que passam a atuar como uma espécie de curadores da via aberta em termos de alterações futuras. Com relação a trilhas, esse conceito não tem aplicação similar. Afinal se fôssemos atribuir a autoria de uma trilha a alguém, seriam os conquistadores os índios, os portugueses ou os montanhistas? No caso de projetos de trilhas de longo curso (TLC) o conceito de direito autoral perde ainda mais o sentido. Os projetos de TLC, em geral ligam trilhas já existentes, ou seja não constituem nem a primazia da abertura da trilha. Desta forma, os projeto de TLC devem respeitar as éticas e tradições locais, procurando harmonizar a sinalização com a comunidade montanhista, em fóruns participativos legítimos.
2) O Caminho da Mata Atlântica é um projeto de TLC, onde a CBME participa em sua governança e possui anuência dada pelo ICMBIO, conforme Oficio SEI № 891/2018-GABIN/ICMBio. No Parque Nacional da Tijuca, o CMA segue a o traçado da Trilha Transcarioca.
3) A gestão da Trilha Transcarioca é realizada pelo Conselho do Mosaico Carioca de Unidades de Conservação, e os assuntos são debatidos na sua Câmara Técnica (CT) de Uso Público. A Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro (Femerj) e o Movimento Trilha Transcarioca participam desta CT. Durante duas reunião da CT ocorridas nos últimos meses, a harmonização da sinalização do CMA e da TT foi debatida, acordada e definida. Essa proposta de sinalização também foi discutida e validada na Câmara Técnica de Esportes do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Tijuca.
4) O CMA é uma construção que congrega trabalho voluntário, organizações da sociedade civil, como a CBME e órgãos gestores de unidades de conservação na sua governança. A oficina realizada e a sinalização proposta pelo CMA no mês de novembro, depois do processo participativo descrito acima, foram propostas e lideradas pelo Parque Nacional da Tijuca com o apoio da Femerj e da CBME e de diversos voluntários.
5) Destacamos também que, como entidade máxima do montanhismo brasileiro, a CBME tem como um dos seus objetivos estatutários o desenvolvimento do montanhismo em todo território nacional e o estímulo a políticas públicas que beneficiem o montanhismo (tanto a escalada, como as caminhadas). Portanto, atuamos, defendemos e promovemos as iniciativas de trilhas de longo curso que prezam pelos Princípios e Valores do Montanhismo Brasileiro e são realizadas de maneira participativa, transparente e democrática.
6) Por fim, ratificamos o posicionamento da presidente eleita, que pauta sua conduta em nossos preceitos éticos, como o direito autoral e os Princípios e Valores do Montanhismo Brasileiro que guiam as decisões institucionais da CBME e unem os montanhistas no território brasileiro.
Considerando o acima exposto, mostramos que a fake news em questão tratou-se de mensagem sem fundamentação, com potencial difamatório, constituindo em afronta aos valores de honestidade e relações éticas que pautam o montanhismo brasileiro e a nossa instituição.
Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2018
Baixe a nota: CBME-COM-2018/01- Nota Oficial- Fake News no Whatsapp.